domingo, 26 de maio de 2013

Que bonito é!


Patrocinadora da seleção brasileira de futebol, uma instituição financeira lançou no ano passado a campanha publicitária “Vamos jogar bola”. O banco diz apostar no poder do futebol como objeto que transforma a sociedade. Ah, como já dizia o poeta: pelo amor dos meus filhinhos!

A verdade é que, mais uma vez, estão usando o esporte bretão para tirar o foco daquilo que realmente deveria interessar. Os caras querem que a gente jogue bola enquanto “Cachoeiras” molham algumas mãozinhas na capital federal.


Enquanto corremos atrás da pelota, as obras da Copa do Mundo são master faturadas e calcinhas brotam “do nada” no Plenário – acho que o espírito do Wando pairou por lá.

 E a inflação então? Está mais alta que a popularidade da Bruna Marquezine depois que começou a namorar o Neymar!

Mas, pensando bem... Pra quê nos preocuparmos com essas “besteirinhas” se a bola está rolando?! O que temos a ver com isso? Niente, afinal de contas, nascemos para jogar bola e não para pensar. Deixemos o pessimismo de lado e vamos ao que realmente interessa:

Viva o futebol!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Estão matando o futebol!



Até quando o futebol será usado como pretexto para que assassinos que se proclamam torcedores acabem com a vida do próximo? Até quando um clássico entre duas grandes equipes ficará em segundo plano diante de tantas atrocidades? Até quando nós, torcedores de verdade, teremos que deixar de ir aos estádios por causa desse câncer chamado "torcida organizada"? Quantas pessoas ainda precisam morrer para que algo seja feito em nosso favor?



 A morte de mais um torcedor me levou a refletir sobre muita coisa. Kevin tinha 14 anos e, como qualquer garoto de sua idade, deveria ter muitos sonhos. Arranjar uma namorada, estudar medicina, ou até mesmo ser o camisa 10 do San Jose, clube de coração. O que esse garoto boliviano sonhava? Quais eram seus objetivos? Nós nunca saberemos! Não saberemos, porque, em uma fatídica noite de fevereiro, ele teve a cabeça traspassada por um sinalizador marítimo atirado por um membro de torcida organizada.



Ah que saudades que eu sinto do futebol do passado! Saudades do tempo em que minha única preocupação era saber se o Telê Santana escalaria o Cafu na meia-direita ou na lateral. Saudades do tempo em que o choro traduzia tristeza ou alegria por um título conquistado ou perdido. O único medo que podíamos ter era que a voz do Osmar Santos fosse interrompida pelo fim das pilhas no “Moto Rádio” do meu avô.

No passado, as torcidas, que muitas vezes ficavam lado a lado nas arquibancadas, faziam um show à parte com aqueles bandeirões imensos. Ah como aquilo era lindo de se ver! Hoje, infelizmente, a entrada de tais objetos é proibida pela polícia por causa do risco de algum "animal" rachar cabeça do outro com o mastro.


Antes, a rivalidade limitava-se às gozações e brincadeiras. Hoje, se matam movidos por um falso ideal. O espetáculo perdeu a graça e virou coisa séria. Tão séria que o colorido dos clássicos de domingo à tarde deu lugar ao vermelho do sangue e ao preto do luto. 

Amo o futebol como amo poucas coisas na vida, mas confesso que a magia que me encantou nos primeiros anos da década de 1.990 está morrendo, morrendo junto com essas pessoas.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Circo da dona Gorda


Todo início de ano é a mesma coisa no povoado imaginário de Ziriguidum: os tambores rufam, as cortinas se abrem e as luzes iluminam o picadeiro para o início de mais uma temporada de apresentações de seu Gran Circo.

Entra ano, sai ano e as ‘estrelas’ continuam sendo as mesmas: o fortão, a boa moça, a virgem, a barraqueira, aquela que adora fazer fofoca, o galã, o cara malvado, a gostosona, o negro coitadinho, o caipira engraçado...

Os números apresentados pelos ‘heróis’ também não costumam mudar. Romances tão verdadeiros quanto à ‘lataria’ da Ana Maria Braga, intrigas, baixaria e muitas bundas de fora fazem parte do script do espetáculo que, de forma genial, é apresentado por um grande filósofo/poeta/jornalista/semi-deus. No passado, esse cara cobriu um dos eventos mais importantes da história mundial, a queda do muro de Berlim. Hoje, é a estrela-mor de um show de horrores. Grande evolução!

Além de tudo isso, o que nunca se pode faltar em um circo que se preze? Não podem faltar os palhaços! Esses, no entanto, não são vistos no picadeiro. Não são porque a dona do ‘negócio’ considera que seus palhaços mereçam ficar em um lugar de destaque: a platéia.
Antes que qualquer pessoa se sinta ofendida com essas palavras, permitam-me expor os fatos.

Muita coisa que acontece no povoado imaginário de Ziriguidum é controlada pela dona do circo. Sim, é ela mesma, aquela senhora gorda que, há mais de quarenta anos, entra nas casas todos os dias dizendo o que fazer e como fazer. Enfiando goela abaixo das pessoas tudo o que ela acredita ser bom, usando seus palhaços em um emocionante show de marionetes.

Para que seus interesses prevaleçam, a senhora gorda desvia a atenção da platéia das questões sociais, políticas e econômicas através da técnica do dilúvio de informações insignificantes, como as do Gran Circo.

Assim, ela impede que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, os estimulando a serem complacentes na mediocridade. Além disso, a gorda enriquece milhões com as propagandas que, mais uma vez, são carinhosamente impostas aos seus fiéis.

De forma subjetiva, ela faz com que as pessoas acreditem que está na moda e é legal ser vulgar e burro. Afinal de contas, que graça teria um palhaço inteligente? Por mais que os personagens sejam sempre os mesmos, que as lindas frases do pseudo-poeta estejam cada vez mais recicladas e que toda essa verdade esteja escancarada aos nossos olhos, as temporadas do Gran Circo BBB sempre serão sucesso garantido.

O que me alivia é que esse povoado fica beeeeeem longe daqui!

Gentileza: um gesto em extinção


Gentileza: s.f. Delicadeza, amabilidade, cortesia, graça, elegância, galanteria, garbo.
 É impressionante como uma palavrinha tão comum pode fazer tanta falta nos dias atuais. Antes, a gentileza podia ser vista em pequenos gestos: o namorado que abria a porta do carro para a namorada, o jovem que cedia a poltrona do trem para um idoso ou uma gestante... A tal palavrinha também estava presente em um simples “por favor” e, também, em um entusiasmado “muito obrigado”.

As pessoas não faziam ou praticavam a gentileza. Elas vivam aquilo. Ah, como era bom sair pelas ruas de manhã e sentir seu poder de alegrar o dia...
No entanto, tudo mudou. O que era “comum” se transformou em um atributo sofisticado e profundo. Tornou-se um dom e a globalização, o grande “bode expiatório” de tudo de ruim que acontece na sociedade, mais uma vez leva a culpa pela extinção da gentileza.

A rotina nos cega. Pressionados por ideias equivocadas, que nos obrigam a ter sempre mais, a cumprir prazos sem nos respeitarmos, a atingir metas que, muitas vezes, não fazem parte de nossa missão de vida e daquilo em que acreditamos, nos torna mais e mais insensíveis. E nesta insensibilidade, vamos agindo e nos relacionando com as pessoas - mesmo com aquelas que amamos - de forma menos gentil, mais apressada e mais automatizada, sem nem nos darmos conta disso.

O ritmo frenético, quase alucinado, do dia a dia fez com que aquele “bom dia”, comumente encontrado pelas ruas e avenidas da cidade, fosse substituído por uma cara tão carrancuda quanto um dia de chuva. Nos trens, metrôs, ônibus e lotações, pouco importa se o “velho” que viaja em pé tem a preferência nos assentos, afinal, o fulano também pagou passagem.
E o que falar da falta de gentileza no trânsito? Um pequeno equívoco ou um deslize já se tornam motivo para um “buzinaço” e uma salva de palavrões. Tantas e tantas pessoas morrem por causa disso todos os anos, e ninguém se dá conta que a grande culpada por isso tudo é a extinção da palavrinha.

Mais uma vez suspiro: ah, se as pessoas soubessem como é benéfico ser gentil... A gentileza abre portas, muda o rumo dos conflitos, facilita as negociações, transforma humores, melhora relações... Enfim, propicia inúmeras vantagens tanto na vida de quem é gentil quanto na vida de quem se permite receber gentilezas. Se um gênio da lâmpada aparecesse e dissesse que eu poderia resgatar uma coisa do passado, eu não pensaria duas vezes: Traria de volta a gentileza.

Nostalgia futebolística #Parte1

Me lembro de tudo o que aconteceu naquele domingo de 17 de julho de 1994. O dia amanheceu frio e ensolarado. Até hoje consigo sentir o cheiro da camisa azul número 11 que ganhei do meu pai após o jogo contra os Estados Unidos. Me lembro da casa cheia de gente e do churrasco na mesa, mas ninguém queria saber de carne naquela tarde. Nada, exceto a saliva, passava pelas nossas gargantas.

Jogo feio, truncado, com o Brasil tomando iniciativa dos ataques. Bebeto e Romário jogavam por música, mas Baresi e Maldini não davam espaço! Baggio mal tocava na bola. Meu Deus, como perdemos gols! Romário, Bebeto, Romário de novo... Mauro Silva chutou do meio da rua; Pagliuca bateu roupa; A bola tocou na trave e voltou nas mãos do arqueiro sortudo. Depois do susto, beijo no poste como forma de agradecimento. Final do tempo normal. Prorrogação com Brasil no ataque e um milagre de Taffarel. Viola entrou e botou fogo no jogo. Mas o gol insistia em não sair.

Decisão por pênaltis: Marcio Santos erra o primeiro e o país todo quase infarta. Menos mal que o grande Baresi também errou. Romário, Branco e Dunga (com direito a soco no ar) marcaram. Taffarel defende o chute de Massaro e, depois, Baggio manda a bola na Lua. É tetra!

Lembro-me que os carros entupiram as (DUAS) principais ruas de Paraibuna! Foi a única vez que vi tanto trânsito naquele lugar. As pessoas riam, gritavam, choravam, afinal, 24 anos de dor e angústia tiveram fim naquela fria tarde de domingo.