quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Chuva de granizo muda paisagem paraisense e causa prejuízos



(Matéria publicada no Jornal do Sudoeste sobre a chuva de granizo que atingiu São Sebastião do Paraíso no domingo, 18 de agosto)
A violência da chuva de granizo que atingiu São Sebastião do Paraíso no início da noite de domingo, 18 de agosto, surpreendeu muita gente. Em pouco mais de 15 minutos, as pedras de gelo cobriram de branco diversas ruas e praças da cidade. Em alguns pontos, elas chegaram a formar blocos de mais de 20 centímetros de espessura.
Moradores aproveitaram o momento para fazer escultaras de gelo e tirar fotografias. Inúmeras fotos do fenômeno “pipocaram” nas redes sociais pouco depois do ocorrido. Contudo, o que foi surpresa e novidade para alguns, se tornou prejuízo para muitos. Acompanhadas de ventos de até 106 Km/hora, a chuva causou estragos.
Café
Como se já não bastessem os problemas enfrentados com a baixa do produto no mercado internacional, os cafeicultores acordaram na manhã seguinte à chuva de granizo contabilizando as perdas. De acordo com Marcelo Almeida, engenheiro agrônomo da Cooparaiso, a chuva de granizo atingiu cerca de 200 hectares de lavouras de café. Destes, cerca de 50 hectares estão plantados na comunidade rural da Faxina. Lavouras localizadas nos bairros Espraiado,Volpes e Lagoa Preta também foram prejudicadas.
O município de Paraíso possui área de 13.890 mil hectares de cafezais, portanto, a área prejudicada é relativamente pequena, contudo, os produtores atingidos sofreram prejuízos significativos. Esse foi o caso de Vitor de Almeida Campos, que teve 15 hectares atingidos pelo granizo. Em 2012, ele passou pelo mesmo problema. “A chuva pegou 80 mil pés. Vou ter, mais ou menos, 15% de quebra da safra que vem. Por causa da chuva a varrição deve atrasar uns dez dias. Sei que a entrada de doença pode ser grande. Paramos tudo e vamos fazer a pulverização, porque as doenças que estavam no chão podem passar para as folhas e o prejuízo pode ser ainda maior”, disse.
Alagamentos
Após as chuvas, a Defesa Civil de Paraíso atendeu cerca de 10 chamadas referentes a alagamento de residências. As mais graves foram registradas na rua Antônio Ananias, no bairro Verona. Devido ao entupimento de bueiros localizados na via, três casas foram invadidas pelas águas. Outras, em diversos pontos da cidade, sofreram com o entupimento de calhas. Com o apoio da Guarda Municipal, agentes da Defesa Civil fizeram o desentupimento das calhas.
A Lagoinha, um dos cartões postais da cidade, transbordou. Segundo a Cooparaiso, choveu 17,8 milímetros no domingo. Na manhã de segunda-feira, 19, moradores das casas mais atingidas ainda removiam gelo e faziam a limpeza de suas propriedades.
Acidente na BR 265
Por volta das 18h20, período de maior intensidade de chuvas, dois veículos se chocaram próximo ao KM 642 da rodovia federal. O lavrador Jair Soares, 38, morador da comunidade dos Marques, seguia com seu Fiat Uno sentido à divisa com o estado de São Paulo quando foi atingido pelo Fiat Palio de Benedita Alves de Lima, 66.
Segundo Boletim de Ocorrência registrada pela Polícia Rodoviária, a aposentada, que seguia no sentido contrário da via, parou seu veículo fora da rodovia e, ao atravessar a pista para realizar o retorno de forma brusca, atingiu o veículo do lavrador. Os dois carros precisaram ser retirados da rodovia. A mulher disse aos militares que sua visibilidade foi prejudicada por causa da forte chuva. Ninguém ficou ferido.  

Gelo cobre a rua Delfim Moreira - Foto: Nilson Pedrosa





segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Furtos trazem medo e insegurança à população de Paraíso

Matéria publicada no Jornal do Sudoeste em 17 de agosto sobre o aumento da criminalidade em São Sebastião do Paraíso. Furtos a residências, praticados, na maioria das vezes, por menores de idade, têm assustado a população.

A sensação de segurança do cidadão paraisense já não é a mesma de outros tempos “graças” à criminalidade que ronda o município. Como em progressão geométrica,  o número de furtos a residências e de veículos tem crescido de forma preocupante no município. A situação é tão grave que, em alguns pontos da cidade, acontecem em plena luz do dia.

Exemplos podem ser vistos nos bairros Bela Vista e Jardim Europa, onde, nas últimas semanas, casas foram invadidas e veículos foram levados por bandidos em horários pouco prováveis: durante a manhã e a tarde. Um leitor conta que ladrões entraram em sua residência na sexta-feira, 09, entre as 9h30 e 13h, enquanto ele e a esposa trabalhavam. Eletroeletrônicos e outros objetos foram furtados.

Com medo, um morador do Bela Vista entrou em contato com o Jornal do Sudoeste para relatar o que ele e seus vizinhos tem passado. “Nós não aguentamos mais tanta insegurança. São várias casas e carros que foram furtados, inclusive durante o dia. Fora o tráfico e o uso de drogas, que corre à solta todos os dias. Ao escurecer,os moradores têm medo de sair de casa e ir até a padaria”, conta.

Ainda segundo a fonte, os ladrões são menores residentes no bairro. “A polícia sabe disso, mas não obtemos nenhuma resposta. Enquanto isso, eles continuam nas ruas amedrontando pessoas de bem, que pagam seus impostos e esperam do estado proteção. (...) Será que a polícia só vai dar bola quando algum morador, cansado da criminalidade no bairro, resolver fazer justiça com as próprias mãos”, desabafa.

Diante dos fatos, a reportagem do “JS” entrou em contato com as polícias Civil e Militar em Paraíso. As instituições afirmam que estão trabalhando para reverter a situação e dão suas explicações.

 Polícia Civil

 Um dos responsáveis pela Delegacia de Furtos e Roubos em Paraíso, o delegado Marcos Fernando Moreno afirma que a Polícia Civil percebeu o aumentos de furtos na cidade, principalmente a residências. Conforme explica, a maioria desses são efetuados por menores de idade.

O problema, segundo Moreno, são leis que protegem os criminosos que ainda não completaram  18 anos de idade. “O menor não vai preso, e sim apreendido e a última medida é a internação, que geralmente é feita pelo juiz quando há violência e grave ameaça à pessoa. Então, atos infracionais análogos aos crimes de furto geralmente não levam o menor à internação. A dificuldade que nós temos é a própria lei brasileira”, explica.

O delegado também critica a funcionalidade do ECA (Estatuto  da Criança e do Adolescente) e a falta de instituições apropriadas para a internação dos infratores. “A polícia vai e apreende. A justiça vai e solta. É como enxugar gelo. O Estatudo da Criança e do Adolescente é muito bonito, mas a dificuldade é colocá-lo em prática na parte estrutural. Não existem locais adequados para recolher esses infratores. Menores são internados basicamente em cadeias. Não existe um centro apropriado como a lei determina”, ressalta.

Conforme explica Moreno, não existe crime organizado em Paraíso, apenas “pontuais”, movidos, principalmente pelo uso de drogas e dívidas com o tráfico. Ele ainda acusa aqueles que compram objetos furtados como um dos responsáveis pelo aumento da crimin-alidade. “A nossa dificuldade também é quanto ao receptador, porque o furto vive paralelo à receptação. Tem muitos cidadãos que ficam indignados com a criminalidade, mas eles mesmos vão e compram um relógio, um óculos importado ou uma tevê furtada. É aí que a máquina gira. Com esse dinheiro que o menor recebeu, ele vai comprar droga. Acabou a droga, ele vai e furta de novo. É um círculo”, aponta.

 “Fenômenos”

 Por fim, o delegado Marcos Moreno explica que existem determinados “fenômenos” que contribuíram para que esses números negativos saltassem na cidade. Os principais seriam problemas econômicos, a saída de presidiários para a celebração do Dia dos Pais e, principalmente, pelo desmantela-mentos de quadrilhas envolvidas com o tráfico. “Entendemos as reclamações e sabemos do aumento. Quando há operações contra o tráfico, aumentam o número de roubos. Quando você quebra a boca de fumo, o traficante tem prejuízo. Ele precisa pagar os fornecedores, então passa a roubar para pagar a conta”, conclui.


PM apresenta estatístisca
 A pedido do “JS”, a Polícia Militar realizou análise de dados estatísticos referentes ao mês de julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2012. De acordo com a instituição, houve um decréscimo de furtos de veículos registrados. No ano pasado, foram registrado cinco, contra três em 2013. Conforme a PM, o número de invasões às residências também apresentou queda no índice, contudo, não foram apresentados números comprobatórios.

Em nota, o comandante do policiamento em Paraíso, 2º tenente Rogério Alves da Nóbrega, afirma que “tal redução foi conseguida graças ao envolvimento dos órgãos de Segurança Pública e Justiça Criminal (Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e Poder Judiciário), através da adoção de ações e operações no sentido de conter os crimes contra o patrimônio no município”. A ação, de acordo com a polícia, trouxe reflexos positivos no mês de agosto, quando foi percebida a diminuição dos delitos já na primeira quinzena, com tendência decrescente.

O tenente afirma, contudo, que há “um ligeiro aumento nos furtos diversos, nestes incluídos celulares, bolsas e carteiras”. A maioria desses objetos são subtraídos no interior de automóveis estacionados em vias públicas. A polícia ressalta que ainda há crescimento nos furtos de hidrômetros em construções e terrenos, contudo, os atos “são combatidos através de lançamento de viaturas no patrulhamento em loteamentos e locais mais afastados, diuturnamente”.

Na maioria dos casos, a PM verifica certa “distração” por parte dos proprietários na guarda dos veículos e objetos. “Por exemplo, constata-se, através da análise dos boletins de ocorrência que os veículos furtados estão, na maioria das vezes, estacionados na rua, em locais com pouca movimentação de pessoas. Tais veículos não possuem alarme, principalmente motocicletas ou, quando possuem, o sistema está inoperante ou deficiente”.

Na tentativa de coibir a ação dos jovens infratores, a Polícia Militar afirma está prestes a divulgar uma campanha junto à comunidade paraisense a respeito de medidas simples, porém eficientes de autoproteção, a fim de evitar os crimes contra o patrimônio e auxiliar no trabalho preventivo do policiamento. 

O 2º tenente Nóbrega ainda comunica que tem realizado monitoramento, acompanhamento e controle científico do fenômeno da criminalidade em Paraíso, através da análise de dados atualizados diariamente e adoção de medidas preventivas e repressivas, que visam atingir o estágio de paz social e clima de tranquilidade pública.

Tranquilidade típica das cidades interioranas é ameaçada por bandidos - Foto: Reprodução

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

“Com certeza fará um grande ministério”, diz pároco de Paraíso sobre o novo papa



(Não, eu não sou católico. Contudo, sou jornalista, amo minha profissão e procuro SEMPRE fazer o melhor dentro daquilo que me propus. Escrever sobre o novo papa, mesmo tendo uma visão diferente das linhas abaixo escritas por mim, foi um dos grandes desafios da minha curta carreira. Abaixo, o resultado da entrevista concedida pelo responsável pela paróquia de São Sebastião em março de 2013.) 

Vaticano, 13 de março de 2013. Os relógios marcavam 19h05 (16h05 de Brasília) quando a fumaça branca foi lançada da Capela Sistina, indicando que um novo papa, após cinco tentativas em dois dias, havia sido escolhido pelos 115 cardeais eleitores para suceder Joseph Ratzinger – o Bento XVI.
Após alguns instantes de incerteza, a multidão aclamou a saída da fumaça que no início não era de um “branco” tão nítido. Mas logo depois, os sinos da Basílica de São Pedro começaram a soar a toda força, como nos dias de festividades. Era a confirmação de que a igreja católica tinha de novo um líder, já que Bento XVI havia renunciado semanas antes.

O cardeal francês Jean-Louis Tauran apareceu no balcão da basílica e fez o anúncio oficial: "habemus papam". A multidão reunida na praça que leva o nome do Apóstolo de Cristo cantava e pulava, gritando "Viva o Papa". Minutos depois, a maior surpresa da noite: o argentino Jorge Bergoglio, 76, foi anunciado Francisco I, o novo pontífice.  

Diante do fato inédito, afinal, essa foi a primeira vez que um sul-americano foi eleito para comandar a igreja católica no mundo, o Jornal do Sudoeste entrevistou o padre Rodrigo Papi, responsável pela Paróquia de São Sebastião, em Paraíso. Assim como todo o mundo, o sacerdote demonstrou surpresa a respeito da escolha e afirmou estar esperançoso com a atuação do cardeal de Buenos Aires. Para Papi, Francisco I levará para Roma a necessidade de uma nova postura a ser adotada pela igreja. 

JS: Como o senhor viu a escolha do novo papa?
Padre Papi: Foi uma surpresa para toda a igreja. Toda a eleição papal causa uma expectativa muito grande e nós percebemos que, quando foi divulgado o nome do papa Francisco, causou mais surpresa ainda, pois se tratava de um papa fora do eixo europeu, que vem para uma realidade totalmente diferente.
 
JS: O fato de ele vir de um continente com uma realidade diferente da europeia pode mudar os rumos da igreja católica?
Padre Papi: Com certeza. O cardeal Jorge Bergoglio levará para Roma toda a experiência vivida em países subdesenvolvidos, emergentes, que têm uma realidade de pobreza muito grande. A gente percebe que isso revela uma nova vertente do papado para a igreja no mundo.

JS: Desde a renúncia de Ratzinger, muito tem se ouvido falar que a igreja católica precisa de renovação. O senhor crê que as características de Bergoglio foram determinantes para sua eleição? 
Padre Papi: Nós sentimos que essa eleição foi uma escolha de Deus, movida pelo Espírito Santo e pelo desejo da igreja de hoje abraçar uma nova postura diante da sociedade e de tantas mudanças que são necessárias. É a partir dele que a igreja será orientada para a realidade que vivemos.

JS: Francisco recusou regalias que lhe são de direito por ser papa. Ele abriu mão usar uma cruz de ouro, trocou seu anel de ouro por outro de prata, pagou a conta do hotel em que ficou hospedado durante o conclave, descartou o papamóvel com chofer e preferiu andar de ônibus com os outros cardeais. Depois, pediu para que os fiéis compatriotas fizessem caridade ao invés de viajar para Roma para a missa na qual assumirá oficialmente o papado. Isso também te impressionou?
Padre Papi: Muito. A escolha do nome dele lembra a história de São Francisco de Assis, que foi uma pessoa que abdicou de todos os bens materiais para viver a pobreza. Essa escolha revela esse lado de Bergoglio. Sabemos que Assis foi um grande reformador na igreja e, por isso também, se fala muito nessa renovação, quem vem dessas atitudes simples. Com certeza ele irá modificar a postura do papa em relação às pessoas. 

JS: O novo papa deverá vir ao Brasil em julho, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Essa será a primeira viagem oficial de Francisco. Como os católicos brasileiros se sentem diante dessa notícia?
Padre Papi: Já estamos na expectativa. Nós tivemos aqui a cruz original da jornada mundial na diocese de Guaxupé e ela estava tomada de jovens, que estão muito animados. Esse evento foi uma experiência marcante para todos os padres e jovens que estavam lá. Isso foi apenas um lampejo do que acontecerá no Rio durante a visita do papa.

JS: O senhor falou da necessidade de renovação da igreja e da juventude católica. Como o novo papa poderá atrair mais jovens para o catolicismo? 
Tenho certeza que muitos jovens serão atraídos pela presença de Jesus através do papa Francisco. Ele tem um carisma e simplicidade muito grandes e os jovens já se sentiram acolhidos. Enxergaram que se trata de um homem de Deus. Isso, com certeza, é muito importante. Quando um jovem caminha na igreja, outros mais desejarão conhecer a Jesus.

 JS: Diferente de seu antecessor alemão, Bergoglio conquistou a todos pelo seu carisma, a ponto de chegaram a compará-lo com o papa João Paulo II. É isso mesmo ou existe certo exagero?
 
Padre Papi: Lembra sim. O João Paulo II foi um grande comunicador e um homem de Deus. Sou vocacionado dele. Tenho 10 anos de padre e sou fruto desse homem, que logo será canonizado pela igreja. O papa Francisco tem sim essa característica.

JS: Aborto, homossexualismo e pedofilia são temas que a igreja condena, mas que são muito presentes na sociedade atual. Logo em seu primeiro pronunciamento, o papa Francisco falou abertamente sobre a união de pessoas do mesmo sexo. Como o senhor acredita que o argentino irá lidar com esses assuntos? 
Padre Papi: Tenho certeza que ele irá abordar com muita clareza, seguindo a mesma linha de pensamento do papa Bento XVI, que orientou os sacerdotes e toda a igreja a partir dessas realidades existentes no mundo. Não podemos ocultar essas realidades. Precisamos, sim, entendê-las e procurar uma forma de estar presente na vida deles. A igreja jamais irá excluir todos aqueles que se sentem excluídos. Tenho a certeza que tão logo a igreja virá a dar uma resposta a todos esses questionamentos e o papa trará uma clareza muito grande em seus argumentos para orientar os passos nesses assuntos tão delicados.

 JS: Sem dúvidas, a Igreja Católica Apostólica Romana vive um novo momento em sua secular história a partir da escolha de Bergoglio para o cargo de sumo pontífice. O que os fiéis esperam dele? 
Padre Papi: Esperamos que ele continue a conduzir a igreja para que a ela seja no mundo um sinal de Deus, procurando dar respostas diante de tanto sofrimento. Não tenho dúvidas que o papa Francisco será presente na vida dos pobres e vai nos estimular a fazer como ele faz. Acredito que vai conhecer as pessoas e não terá medo de se aproximar delas. Com certeza fará um grande ministério dentro do seu chamado.